Redução nos Dividendos: Petrobras e Vale Modificam Estratégia de Pagamento

Duas das principais gigantes do Brasil no setor empresarial, Petrobras e Vale, apresentam uma notável diminuição na distribuição de lucros para seus acionistas. Porém, os motivos que levam a essa decisão são distintos para cada empresa. Em 2022, ambas juntas foram responsáveis por 57% dos proventos distribuídos aos investidores no país, uma porcentagem que sofreu queda para 38% até outubro deste ano, conforme dados da plataforma Meu Dividendo.

A mineradora Vale teve sua redução influenciada pelo arrefecimento da economia chinesa, principal consumidora de minério de ferro global. Já a Petrobras viu suas decisões afetadas pelo panorama político nacional. Wendell Finotti, CEO da Meu Dividendo, destaca que a petroleira poderá reduzir ainda mais o valor destinado aos acionistas se, em uma assembleia prevista para novembro, for aprovada a criação de uma reserva de remuneração de capital. Tal ação poderia determinar um teto para a quantia distribuída como dividendos.

Para Finotti, o foco de preocupação com a Petrobras se dá mais pela governança corporativa do que pela diminuição dos dividendos. Ele ressalta que a empresa distribuiu 76% de seu lucro em 2022, mas que, até o meio de 2023, este número recuou para 53%.

Em um cenário de constantes incertezas no Brasil e no exterior, as empresas listadas na bolsa, de maneira geral, optaram por reduzir a distribuição de dividendos. Em 2023, a expectativa era de um recorde na distribuição de proventos. Entretanto, após um janeiro de pagamentos expressivos, as empresas têm gradativamente cortado seus pagamentos. “O cenário de dividendos está em transição”, comenta Finotti. “Em períodos incertos, as corporações optam por manter capital em reserva, considerando as diversas turbulências atuais, como questões econômicas, políticas e conflitos internacionais”, pontua.

Uma das táticas adotadas para preservar capital é estender o intervalo entre o anúncio da distribuição do dividendo e o recebimento efetivo pelo acionista. “Há um movimento de postergação no pagamento dos proventos”, observa Finotti. Em outubro, a média para o pagamento foi de 117 dias, o maior intervalo em seis anos, segundo a plataforma Meu Dividendo. Em comparação, em 2022, esse prazo foi de 58 dias e, em 2021, 49 dias.

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