Mandados de prisão e buscas atingem dirigentes responsáveis por rombo de R$ 25,3 bilhões na varejista; Gutierrez e Saicali são incluídos na lista da Interpol.
Na manhã desta quinta-feira (27), a Polícia Federal deflagrou uma operação que mira 14 ex-dirigentes das Lojas Americanas, incluindo ex-presidentes, diretores e executivos. A ação faz parte das investigações sobre as fraudes nos balanços da empresa, que somam R$ 25,3 bilhões.
O Que Aconteceu
A operação policial envolveu a execução de 15 mandados de busca e apreensão nas residências dos ex-diretores localizadas no Rio de Janeiro. Além disso, a Justiça determinou o bloqueio de bens e valores dos envolvidos, totalizando mais de R$ 500 milhões. Dois dos ex-diretores alvos de mandados de prisão preventiva, Miguel Gutierrez e Anna Saicali, não foram localizados no país, pois estão no exterior. Ambos foram incluídos na lista vermelha da Interpol, conforme informado pelo Ministério Público Federal, que também participa da força-tarefa.
Miguel Gutierrez
Ex-presidente das Americanas, Miguel Gutierrez, mudou-se para a Espanha no início das investigações. Em depoimento à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em março, Gutierrez admitiu ter atrasado pagamentos a fornecedores para gerar caixa para a empresa. Ele afirmou que nenhuma decisão estratégica era tomada sem o conhecimento e anuência dos acionistas de referência, especialmente do bilionário Carlos Alberto Sicupira.
Anna Christina Soteto
Anna Christina Soteto, ex-diretora comercial da B2W Digital, iniciou sua carreira no grupo em 1995 como trainee e deixou a empresa em 2021. Seu perfil no LinkedIn detalha sua trajetória na B2W e nas Lojas Americanas.
Anna Saicali
Anna Saicali, afastada desde o início de 2023, ocupava uma posição na diretoria estatutária da Americanas. Foi apontada pela nova gestão como uma das principais participantes da fraude. Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, menos de vinte dias antes do anúncio das inconsistências contábeis, Saicali transferiu cotas de uma empresa com patrimônio de R$ 13 milhões para seu filho.
Carlos Eduardo Padilha
Carlos Eduardo Padilha, ex-diretor financeiro, foi eleito para o cargo em 2017 e atuou até meados de 2021. Ele não compareceu a um depoimento marcado pela CVM em março de 2023, alegando conflito de agenda com uma audiência no STJ.
Fabien Picavet
Fabien Picavet, que trabalhou nas Americanas por quase 17 anos, ocupou o cargo de Diretor de Serviços Financeiros e também foi diretor executivo de relações com investidores.
Fábio da Silva Abrate
Fábio da Silva Abrate, ex-diretor Financeiro e de Relações com Investidores, permaneceu em silêncio durante seu depoimento à CPI em agosto de 2023. Relatórios jurídicos da varejista apontaram sua participação em contratos artificiais de incentivos comerciais.
José Timotheo de Barros
José Timotheo de Barros, ex-diretor de Lojas Físicas, Logística e Tecnologia, também ficou em silêncio durante seu depoimento na CPI, mas negou envolvimento em fraudes.
Luiz Augusto Henriques
Luiz Augusto Henriques, ex-diretor de Relações com Investidores, deixou a empresa em 2018. Atualmente, é CFO da Shape, empresa de produtos e serviços digitais.
Marcio Cruz Meirelles
Marcio Cruz Meirelles, ex-diretor estatutário, foi afastado em março de 2023. Ele trabalhou no grupo desde 2004 em diversos cargos e, durante seu depoimento à CPI, optou por ficar em silêncio.
Maria Christina do Nascimento
Maria Christina do Nascimento começou nas Americanas em 1984 como trainee. Até junho de 2023, atuava como diretora e membro do conselho, com início de carreira como nutricionista em uma das lojas.
Murilo dos Santos Correa
Murilo dos Santos Correa renunciou ao cargo de diretor de relações com investidores em 2017. Ele também deixou um cargo de diretor sem designação específica.
Raoni Lapagesse Franco
Raoni Lapagesse Franco trabalhou por 14 anos na B2W e foi diretor de Marketplace. Até 2022, ocupava o cargo de diretor de Relações com Investidores. Atualmente, é sócio de duas empresas e investidor anjo, conforme seu LinkedIn.
Conclusão
A operação da PF visa desmantelar um esquema de fraudes contábeis que envolveu diversos ex-executivos das Americanas. A investigação aponta manipulações para atingir metas financeiras e fomentar bonificações, resultando em um rombo bilionário nas contas da empresa. As penas para os crimes investigados podem chegar a até 26 anos de reclusão.