Presidente do STF Debate Impactos da Inteligência Artificial em Painel na Universidade de Oxford.
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, expressou profunda preocupação com a disseminação massiva de desinformação no contexto da inteligência artificial. A declaração foi feita durante um painel na Universidade de Oxford, no Reino Unido, no último domingo (23).
Desinformação e Saúde Pública
Barroso destacou que a propagação de informações incorretas, como no caso de tratamentos alternativos para a Covid-19, pode se transformar em uma grave questão de saúde pública. Ele alertou que, quando um grande número de pessoas acredita em informações falsas, os riscos são significativos e podem levar a consequências severas para a sociedade.
Riscos da Inteligência Artificial
Durante o painel, o ministro abordou diversos riscos associados à inteligência artificial, incluindo impactos no mercado de trabalho, uso militar, violações de privacidade, discriminação algorítmica e questões de direitos autorais. Barroso também chamou a atenção para o perigo dos deep fakes. “Nós somos ensinados a acreditar naquilo que vemos e ouvimos. O dia que nós não pudermos acreditar no que vemos e ouvimos, a liberdade de expressão terá perdido o sentido”, destacou.
Uso da IA na Justiça
Barroso enxerga a inteligência artificial como uma ferramenta auxiliar valiosa na Justiça, podendo aumentar a celeridade, eficiência e isonomia no tratamento dos casos. Contudo, ele enfatizou a necessidade de uma regulamentação adequada, desafiada pela rápida evolução tecnológica. “Vejo a inteligência artificial como uma linha auxiliar, e não autônoma”, afirmou.
Necessidade de Regulação
O ministro apontou áreas que necessitam de regulação urgente, como os direitos fundamentais, a proteção da democracia e a governança. Ele defendeu que desinformações “objetivamente falsas” devem ser removidas imediatamente pelas plataformas de redes sociais, citando como exemplo as falsas condenações por pedofilia.
Modelo de Negócios das Plataformas
Barroso também criticou o modelo de negócios das plataformas digitais, que depende do engajamento dos usuários e, muitas vezes, incentiva a disseminação de conteúdos nocivos. “Se o incentivo natural é negativo, é preciso ter um contra incentivo para que as pessoas não façam isso”, concluiu.
O debate na Universidade de Oxford destacou a necessidade de uma abordagem equilibrada para o uso da inteligência artificial, que deve maximizar os benefícios enquanto minimiza os riscos associados à desinformação e outras questões críticas.