Dólar Fecha a R$ 5,46, Maior Valor do Governo Lula, após Decisão do Copom e Críticas Presidenciais

Moeda americana reverte queda inicial e sobe com falas de Lula contra política de juros.

Após iniciar o dia em queda, influenciado pela decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) na noite anterior, o dólar encerrou esta quinta-feira (20) com valorização, fechando a R$ 5,4619. Este é o maior valor registrado durante o terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e desde 22 de julho de 2022, quando a cotação foi de R$ 5,4988.

A moeda americana, que variou entre R$ 5,3872 e R$ 5,4696 ao longo do dia, fechou em alta de 0,37%. Este movimento foi impulsionado pelo fortalecimento do dólar no mercado internacional e pela alta dos títulos do Tesouro americano. Além disso, declarações do presidente Lula criticando o Banco Central também contribuíram para a queda do real, de acordo com operadores do mercado.

Este é o quinto pregão consecutivo de valorização do dólar, acumulando uma alta de 1,48% na semana e de 4,02% no mês. No ano, a valorização da moeda americana já chega a 12,54%, colocando o real como a moeda de pior desempenho em 2024 entre as principais do mundo, seguido pelo peso argentino e a lira turca.

Por outro lado, o Ibovespa, principal índice da B3, encerrou o dia com uma leve alta de 0,15%, atingindo 120.445,91 pontos. A decisão unânime do Copom de manter a taxa Selic em 10,50% gerou um breve alívio no dólar durante a manhã, mas o efeito foi temporário.

Em comunicado, o Copom justificou a manutenção da taxa de juros citando o cenário externo adverso e a elevada incerteza sobre a política monetária nos Estados Unidos. O Comitê reafirmou seu compromisso com a convergência da inflação à meta, destacando que eventuais ajustes futuros na Selic dependerão das condições econômicas.

Em entrevista à Rádio Verdinha, do Ceará, Lula criticou a decisão do Copom, afirmando que ela favorece “o sistema financeiro e os especuladores que ganham com os juros”, enquanto o governo busca “investir na produção”. O presidente também questionou a autonomia do Banco Central, perguntando “autonomia de quem? Autonomia para servir a quem? Atender a quem?”.

Leonardo Monoli, sócio e diretor de gestão da Azimut Brasil Wealth Management, comentou que a votação unânime do Copom poderia ter encerrado as preocupações do mercado surgidas em maio. No entanto, ele destacou que persiste um problema de credibilidade em relação à futura composição do Copom a partir de janeiro de 2025, sugerindo que uma mudança positiva nos preços dos ativos dependerá de ações concretas do governo para melhorar a situação fiscal.

Segundo Eduardo Gayer, da Coluna do Estadão, apesar das críticas de Lula, Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária e ex-secretário de Fernando Haddad, permanece como forte candidato à sucessão na presidência do Banco Central. Entretanto, uma ala do PT defende a indicação do economista André Lara Resende para o cargo.

Para o economista André Galhardo, consultor da Remessa Online, a decisão unânime do Copom visou reduzir os ruídos provocados pela votação dividida em maio. No entanto, ele alertou que a “deterioração fiscal e da inflação” manterá um alto nível de incertezas. Galhardo acredita que o real pode ganhar algum fôlego até as próximas reuniões do BC e do Federal Reserve, mas é improvável que retorne aos níveis do início do segundo trimestre.

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