Mercado reage a preocupações fiscais e incertezas políticas, elevando dólar e pressionando Bolsa.
O dólar fechou em alta nesta quarta-feira (12), alcançando R$ 5,407, um avanço de 0,86% e o maior valor desde 4 de janeiro de 2023. Durante a manhã, a moeda americana chegou a ser negociada a R$ 5,43. O Ibovespa, principal índice da B3, sofreu uma queda de 1,40%, encerrando o dia aos 119.936,02 pontos, após uma breve alta matinal.
O mercado financeiro brasileiro foi fortemente influenciado por declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e por um cenário político conturbado envolvendo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A devolução da Medida Provisória do PIS/Cofins pelo Senado elevou as incertezas sobre a estabilidade fiscal do país, contribuindo para o pessimismo dos investidores.
A manutenção das taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, entre 5,25% e 5,50% ao ano, em linha com as expectativas do mercado, também foi monitorada de perto pelos investidores. Contudo, as preocupações domésticas prevaleceram.
Durante o Fórum de Investimentos Prioridade 2024, no Rio de Janeiro, Lula reafirmou o compromisso do governo com o equilíbrio fiscal, ressaltando a necessidade de incluir questões sociais na agenda econômica. “Estamos colocando as contas públicas em ordem para assegurar o equilíbrio fiscal”, afirmou o presidente.
A devolução da MP do PIS/Cofins pelo Senado, que visava restringir a compensação de créditos em contrapartida à desoneração da folha de pagamentos, gerou receios adicionais. A medida poderia aumentar a receita federal em R$ 29,2 bilhões. Esse evento foi interpretado como uma derrota para Haddad, enfraquecendo sua posição e elevando as incertezas sobre a condução da política fiscal.
Christian Iarussi, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital, comentou sobre o impacto da devolução da MP: “A devolução representa uma derrota para Haddad e gera desconfiança dos investidores em relação ao controle de gastos. Este não é o cenário que o mercado gostaria de ver no momento”, afirmou.
Diante desse panorama, o mercado permanece atento aos desdobramentos políticos e econômicos, com o risco fiscal sendo um fator central na volatilidade dos ativos financeiros brasileiros.