Impacto das enchentes reduz previsão de crescimento econômico do estado para 2024.
A recuperação e reconstrução da infraestrutura do Rio Grande do Sul, devastada pelas recentes enchentes, demandará um investimento entre R$ 110 bilhões e R$ 176 bilhões, segundo a Federação de Entidades Empresariais do RS (Federasul). A estimativa considera dados históricos do governo federal, análises de mercado e informações do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Fernando Marchet, vice-presidente e coordenador da divisão de Economia da Federasul, destacou a necessidade de infraestruturas mais resilientes. “Reconstruir da mesma forma não é suficiente; precisamos de melhorias para evitar novos desastres,” afirmou Marchet. Em um cenário pessimista, o custo da reconstrução pode alcançar R$ 176 bilhões.
A calamidade também impactou severamente a economia do estado. A previsão de crescimento econômico para 2024, inicialmente estimada em 4%, foi drasticamente revisada para uma retração de 0,77%.
Marchet ressaltou a falta de dados suficientes para uma análise mais detalhada em alguns setores, mas confirmou que a catástrofe climática freará significativamente o crescimento econômico do estado. “A queda de cinco pontos percentuais na previsão de crescimento, de 4% para 0,77%, é significativa e pode piorar, atingindo até uma retração de 2% em um cenário mais negativo,” explicou.
Impactos das Enchentes no Estado
O governador Eduardo Leite encaminhou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva um ofício detalhando as propostas para enfrentar a crise. O documento destaca a gravidade da situação, com perdas humanas, destruição de patrimônio e cidades inteiras alagadas. Estimativas iniciais apontam uma perda de R$ 22,1 bilhões em fluxo de recursos no estado.
Entre os fatores que contribuem para os prejuízos estão:
- Desafios logísticos: A destruição de pontes e estradas compromete a segurança e dificulta o escoamento da produção.
- Atividade industrial: A paralisação das atividades industriais devido à necessidade de limpeza e reparos impacta a produção.
- Continuidade dos negócios: Empresas sem reservas financeiras enfrentam dificuldades para se reerguer.
- Desemprego e circulação monetária: A quebra de empresas leva ao aumento do desemprego e à redução da circulação de dinheiro.
- Serviços afetados: A prestação de serviços em municípios devastados pelas chuvas sofre queda significativa.
Perdas de Arrecadação
O estado já contabiliza uma perda de R$ 680 milhões em arrecadação de ICMS apenas em maio. A projeção é de um prejuízo mínimo de R$ 6 bilhões até o final do ano devido aos estragos. Além disso, a destruição de 200 mil veículos, conforme estimativa das seguradoras, resultará na redução da base de arrecadação do IPVA para os próximos anos, com uma perda total de arrecadação estimada em R$ 10 bilhões para 2024.
Medidas de Emergência
Em resposta à crise, o Congresso Nacional aprovou a suspensão de 36 parcelas da dívida do Rio Grande do Sul com a União. Os recursos serão destinados às ações de recuperação após as enchentes.
O governador Leite também propôs ao presidente Lula três medidas provisórias para auxiliar a reconstrução do estado, incluindo a destinação de R$ 10 bilhões para compensar a perda de arrecadação e a implementação de um programa emergencial de manutenção do emprego e da renda. O auxílio proposto seria baseado no valor do seguro-desemprego, variando de 70% a 100% do benefício.
Essas iniciativas são essenciais para mitigar os impactos da calamidade e promover a recuperação econômica e social do Rio Grande do Sul.