Petrobras deve Acelerar Exploração de Petróleo, Afirma Nova Presidente

Magda Chambriard destaca capacidade da estatal em garantir retorno aos acionistas em primeira entrevista.

Em sua primeira entrevista após assumir a presidência da Petrobras, Magda Chambriard ressaltou a necessidade de intensificar a exploração de novas reservas de petróleo, um movimento que tem gerado controvérsias em meio às crescentes preocupações ambientais e recentes desastres naturais, como as enchentes no Rio Grande do Sul.

Chambriard, que tomou posse na última sexta-feira (24), defendeu enfaticamente a exploração da margem equatorial e garantiu que a estatal não se envolverá em negócios não lucrativos. Ela enfatizou que recebeu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a missão de administrar a empresa com “respeito à sociedade brasileira”.

“Temos que ser muito cautelosos com a reposição das reservas, a menos que aceitemos a possibilidade de voltar a ser importadores, o que, para mim, é inaceitável”, afirmou Chambriard. “O esforço exploratório da empresa precisa ser mantido e acelerado.”

A presidente da Petrobras destacou novas fronteiras a serem exploradas, como a questão do Amapá na bacia Foz do Amazonas e a bacia de Pelotas. Ela pediu que o CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) resolva o impasse sobre o licenciamento de poços na região Norte.

O CNPE, composto por representantes de diversos ministérios, incluindo o MMA (Ministério do Meio Ambiente), e da sociedade civil, deve discutir essas questões considerando seu impacto na sociedade brasileira. “Quando restringimos a discussão a uma única instituição, sem expandi-la para outras, a sociedade perde”, afirmou Chambriard.

Sobre os impactos da produção de petróleo no clima e as enchentes no Sul, Magda argumentou que desastres como esses podem ocorrer devido a diversos fatores, como aterros em áreas alagadas. “Não vamos culpar o pré-sal”, disse.

Indicada por Lula para substituir Jean Paul Prates, demitido recentemente após controvérsias, Chambriard assegurou a continuidade da política de preços dos combustíveis implementada por Prates em 2022, que reduziu os preços internos e trouxe estabilidade ao consumidor sem prejuízos à Petrobras.

A nova presidente também destacou a necessidade de equilibrar os interesses do governo e dos acionistas privados, afirmando que a Petrobras é “perfeitamente capaz de garantir retorno aos acionistas, sejam eles privados ou governamentais”.

Em relação à transição energética, tema central da gestão anterior, Chambriard mencionou brevemente iniciativas como a captura de carbono, sinalizando uma mudança de discurso.

O governo espera que Chambriard avance em uma agenda prioritária de projetos, incluindo a recompra de refinarias, encomendas a estaleiros nacionais e apoio à criação de um polo gás-químico em Minas Gerais. A nova presidente reconheceu as promessas de campanha de Lula e afirmou que buscará cumpri-las sem prejuízos à companhia.

Entre as prioridades, além da reposição de reservas, estão a busca por novos mercados para gás natural e a garantia de igualdade de condições para fornecedores nacionais de equipamentos, um ponto criticado na gestão anterior.

Chambriard ainda não decidiu sobre mudanças na diretoria, mas considera natural que novos gestores busquem nomes mais alinhados. Ela também afirmou que ainda não teve tempo de se aprofundar na questão dos dividendos, tema que contribuiu para a queda de Prates.

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