Alexandre Silveira critica política de venda de ativos do governo anterior e apoia retorno de investimentos em plantas de fertilizantes.
Uma semana após o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) revogar o acordo que obrigava a Petrobras a vender refinarias, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, voltou a defender os investimentos da estatal nesses ativos.
“A Petrobras precisa ter 100% ou 200% de lucro? No governo anterior, chegou a ser distribuído mais dividendo do que o lucro líquido registrado. Por que isso? Porque os ativos eram vendidos e distribuídos como lucro”, afirmou Silveira em entrevista concedida nesta segunda-feira (27), após a abertura da terceira reunião do grupo de trabalho de transições energéticas do G20, em Belo Horizonte.
O acordo original, firmado em 2019 durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL), comprometia a Petrobras a vender oito refinarias, das quais apenas três foram negociadas. Recentemente, o termo foi desfeito, com a condição de que a petroleira ofereça às refinarias independentes contratos com garantia de oferta de volume mínimo.
Desde o início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a Petrobras tem alterado sua política de investimentos, voltando a priorizar também as fábricas de fertilizantes, que haviam perdido espaço nas gestões de Michel Temer (MDB) e Bolsonaro.
Silveira defendeu os investimentos nessas plantas, mesmo que não proporcionem o mesmo retorno financeiro que a principal atividade da Petrobras. “O projeto não precisa dar 100% de lucro. O projeto de fertilizante, naturalmente, em um primeiro momento, pode ser menos rentável do que extrair o petróleo”, argumentou.
O governo trata como prioridade a conclusão da fábrica de Três Lagoas (MS), paralisada desde 2014, e a realização de estudos para viabilizar a construção de um novo polo em Minas Gerais, estado de influência do ministro Silveira.
A reorientação na política de investimentos da Petrobras foi um dos fatores que motivaram a recente troca na presidência da estatal promovida pelo governo Lula. Jean Paul Prates, o antigo presidente, tentou equilibrar a gestão da Petrobras cumprindo promessas de campanha de Lula, sem, no entanto, afastar investidores privados.
Magda Chambriard, que assumiu a presidência da companhia na semana passada, defende o papel do setor de petróleo como motor do desenvolvimento industrial do país, alinhando-se ao pensamento do governo atual.
Ao ser questionado sobre a nomeação de Chambriard, Silveira demonstrou otimismo com a nova gestão. “Principalmente porque ela acompanhou por um ano e quatro meses os debates profundos do Ministério de Minas e Energia com a Petrobras sobre a agenda nacional”, disse o ministro, mencionando o plano de investimentos da companhia.