Jovem de 16 anos, vivendo em cobertura de luxo, comandava esquema de fraude em doações.
Um esquema sofisticado de desvio de doações destinadas às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul foi descoberto, envolvendo um adolescente de 16 anos que vivia em uma cobertura de luxo em Balneário Camboriú, Santa Catarina. O jovem, cuja identidade não foi revelada, utilizava os recursos desviados para sustentar um estilo de vida extravagante, com aluguel mensal de R$ 30 mil.
As investigações revelaram que o adolescente, emancipado para fins civis, era um dos responsáveis por uma página falsa que imitava o site do governo gaúcho, redirecionando doações para contas empresariais ligadas ao esquema criminoso. Ele morava com outro menor e um adulto, e o local servia como um “quartel general do crime”, onde realizavam golpes continuamente.
Além das campanhas falsas de arrecadação de donativos, o grupo também criava páginas fraudulentas de marcas conhecidas para vender produtos, utilizando a tragédia das enchentes para sensibilizar os usuários. “Eles criavam promoções desta suposta marca, onde o cliente pagava apenas o frete, alegando que a promoção ajudaria as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul,” explicou Vanessa Pitrez, diretora do Departamento Estadual de Investigações Criminais gaúcho.
As postagens falsas eram impulsionadas nas redes sociais para atingir um público maior. A Polícia Civil já bloqueou contas bancárias vinculadas ao adolescente e aguarda a quebra de sigilo para determinar o valor total arrecadado com os estelionatos.
Embora o adolescente seja emancipado, ele responderá pelos crimes em liberdade, já que a apreensão de menores só é permitida em casos que envolvem violência ou grave ameaça. Ele está cooperando com a polícia, que continua as investigações para identificar e responsabilizar os demais envolvidos no esquema.
Esquema da Fraude
O jovem criou um site falso semelhante ao do governo do Rio Grande do Sul, com informações sobre a tragédia e um banner de arrecadação no site Vakinha, que teria ultrapassado os R$ 2,7 milhões. As doações eram direcionadas através de um QR Code gerado por uma fintech de checkout, permitindo pagamento via Pix. O valor era processado por um gateway de pagamentos e direcionado para uma conta empresarial do menor, que simulava uma prestação de serviço.
“O gateway fazia a ligação entre o indivíduo que realizava a doação e a conta do CNPJ, simulando licitude,” detalhou o delegado João Vitor Herédia.
Identidade e Ostentação
Nas redes sociais, o adolescente se autodenominava “Dr. Money” e ostentava um estilo de vida luxuoso, declarando ter atingido seu primeiro milhão aos 15 anos. Ele é apontado como sócio-proprietário de duas empresas possivelmente envolvidas em outros esquemas criminosos.
Outras Fraudes no RS
A Força Tarefa Cyber da Polícia Civil do Rio Grande do Sul investiga mais de 60 casos de estelionato virtual relacionados ao período de calamidade. Até o momento, 70% das investigações foram concluídas, resultando na instauração de 29 inquéritos policiais e na derrubada de cerca de 70 páginas fraudulentas.