Aproximação do pleito revela divisões na base aliada, com lideranças apoiando diferentes candidatos nas principais cidades brasileiras.
À medida que as eleições municipais de 2024 se aproximam, o cenário político brasileiro evidencia uma divisão entre os apoiadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com fontes, ao menos nove ministros do atual governo podem endossar candidaturas opostas às do Partido dos Trabalhadores (PT) e do próprio presidente em suas respectivas cidades. O esforço de Lula para promover a união entre os partidos de sua base aliada enfrenta obstáculos significativos, sobretudo em grandes centros urbanos como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
Na capital paulista, o desacordo se manifesta claramente: enquanto Lula apoia Guilherme Boulos (PSOL) para a prefeitura, Geraldo Alckmin (PSB) prepara-se para impulsionar a candidatura de Tabata Amaral (PSB), juntamente com Márcio França (PSB), ministro do Empreendedorismo. Além disso, a ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), planeja apoiar a reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que conta também com o suporte de Jair Bolsonaro (PL).
No Rio de Janeiro, a aliança do PT com o prefeito Eduardo Paes (PSD) contrasta com a posição do PSOL, que pretende lançar Tarcísio Motta (PSOL-RJ) na disputa, refletindo a presença de Sonia Guajajara (PSOL) no ministério de Lula.
As complexidades se estendem a Belo Horizonte, onde Alexandre Silveira (PSD) busca a reeleição do prefeito Fuad Nomam (PSD), em oposição à candidatura petista de Rogério Corrêa. Enquanto isso, em Belém (PA), a família Barbalho, representada pelo ministro Jader Filho (MDB) e pelo governador Helder Barbalho (MDB), articula uma candidatura própria do MDB, divergindo da aliança do PT com o prefeito Edmilson Rodrigues (PSOL).
A situação revela um cenário de alianças e competições complexas dentro da base aliada de Lula, com diversos ministros e lideranças buscando conciliar interesses partidários e pessoais. Em São Luís (MA) e Macapá (AP), a disputa entre candidatos apoiados por ministros do governo e pelo PT exemplifica ainda mais a fragmentação da coalizão governista.
Em meio a este cenário, Lula tem insistido na necessidade de coesão, especialmente contra o bolsonarismo em São Paulo, onde a disputa entre Boulos e Tabata Amaral se acirra. O presidente tem enfatizado a importância da unidade para o sucesso eleitoral do PT e de seus aliados, mas as divergências internas desafiam essa visão, sinalizando um período eleitoral de intensas negociações e potenciais realinhamentos políticos nas cidades brasileiras.