Em meio a tensões crescentes, chanceler brasileiro denuncia violações em Gaza e reafirma compromisso com ajuda humanitária.
Em um pronunciamento que ressoa em meio a um cenário de crise diplomática, Mauro Vieira, Ministro das Relações Exteriores do Brasil, lançou duras críticas às operações de Israel em Gaza, classificando-as como “imorais e ilegais”. O comentário foi feito durante sua visita à Cisjordânia, evidenciando uma fratura nas relações entre Brasil e Israel, que recentemente marcou o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, como “persona non grata”.
Vieira condenou veementemente o bloqueio ao acesso a necessidades básicas como alimento e água, além de atacar ações contra operações humanitárias e a destruição de infraestrutura vital, como hospitais e locais sagrados. Ele sublinhou a gravidade de utilizar a fome como instrumento de guerra, descrevendo tais atos como “punição coletiva”.
O discurso do chanceler ocorreu num momento delicado, destacando-se pela firme posição do Brasil em continuar apoiando financeiramente a Agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA), apesar das críticas e acusações por parte de Israel. Essa decisão marca um gesto significativo de solidariedade com o povo palestino, num período em que a agência enfrenta desafios sem precedentes.
A crise humanitária em Gaza foi um tema central no discurso de Vieira, que lamentou as consequências devastadoras do conflito, destacando as imagens chocantes de crianças em condição de desnutrição como um alerta à consciência global. “Todas as linhas vermelhas de nossa humanidade compartilhada foram cruzadas”, declarou, apelando à memória coletiva e à responsabilidade internacional.
O ministro também criticou a postura de potências internacionais, particularmente os Estados Unidos, por bloquearem iniciativas no Conselho de Segurança da ONU que buscavam estabelecer um cessar-fogo, apontando para o aumento alarmante no número de vítimas como resultado direto dessa inação.
Neste contexto, o Brasil emerge como um protagonista na luta pela admissão da Palestina como membro pleno da ONU, com Vieira e o chanceler palestino Riyad Al Maliki consolidando um acordo para promover essa campanha. Tal iniciativa reforça o compromisso brasileiro com uma solução de paz que preconiza a coexistência de dois Estados, Palestina e Israel, com fronteiras internacionalmente reconhecidas.
A viagem de Vieira ao Oriente Médio, que inclui paradas na Jordânia, Líbano, e Arábia Saudita, mas intencionalmente exclui Israel, reflete a postura brasileira de advocacia pela paz e justiça, desafiando narrativas unilaterais e buscando um diálogo construtivo em prol da estabilidade regional.
Esta matéria se destaca pelo forte posicionamento do Brasil no cenário internacional, marcando um capítulo significativo na diplomacia brasileira, ao mesmo tempo que reafirma o compromisso do país com os direitos humanos e os princípios de justiça global.