Ex-auxiliar Presidencial Nega Participação em Discussões sobre Intervenção Militar
Em um depoimento revelador à Polícia Federal na noite de segunda-feira (11), Mauro Cid, ex ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, desvendou que Bolsonaro se encontrou com altos oficiais militares após a derrota nas eleições de outubro. Cid, contudo, negou sua presença nessa reunião, que, segundo alegações, serviu para debater a possibilidade de uma intervenção militar. O testemunho de Cid à PF, que se estendeu por mais de oito horas, veio à tona em meio a investigações sobre inconsistências em sua delação premiada de setembro de 2023 e em depoimentos correlatos, incluindo o do general Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército.
A Polícia Federal interrogou Cid sobre uma reunião específica realizada no Palácio da Alvorada, com a presença dos líderes das três forças armadas, em 9 de dezembro de 2022, encontro este que Cid afirmou não ter frequentado.
Este testemunho ocorre em um contexto onde, após 40 dias em silêncio seguindo a derrota eleitoral, Bolsonaro dirigiu-se a seus apoiadores afirmando que “tudo dará certo no momento oportuno”, sublinhando sua posição como comandante supremo das Forças Armadas e indicando-as como “o último obstáculo para o socialismo”.
As investigações também trouxeram à tona divergências significativas, especialmente em relação a um documento conhecido como “minuta do golpe”. Este documento sugeriria a instauração de um “estado de defesa” no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para averiguar alegações de abuso de poder. Cid relatou que Bolsonaro recebeu a minuta de Filipe G. Martins, seu então assessor para assuntos internacionais, mas não expressou apoio explícito ao conteúdo ou a implementação do plano ali delineado.
Outro ponto de discordância emergiu de uma reunião ministerial em julho de 2022, onde Bolsonaro, antevendo uma possível derrota nas urnas, solicitou a preparação de um “plano B” pelos seus ministros. Este depoimento de Mauro Cid à Polícia Federal lança luz sobre os turbulentos dias que se seguiram à eleição de outubro, revelando uma complexa trama de reuniões e planos discutidos nas mais altas esferas do poder militar e governamental do Brasil.
