Em recentes declarações, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou luz sobre a complexa disputa territorial entre Guiana e Venezuela, referente ao Essequibo, enfatizando a persistência do impasse histórico e a perspectiva de uma resolução pacífica a longo prazo. Ao abordar a questão, Lula expressou que, dado o século de desentendimentos sem resolução, pode ser necessário mais algumas décadas de diálogo e paciência para alcançar um entendimento mutuamente aceitável.
Durante um encontro com o Presidente da Guiana, Irfaan Ali, e antes de sua reunião com o líder venezuelano, Nicolás Maduro, Lula destacou que a situação de Essequibo não foi pauta nas discussões, reiterando o compromisso do Brasil com a promoção da paz e do diálogo. A posição brasileira, segundo Lula, é firme na crença de que o conflito e a violência não contribuirão para a solução da disputa, mas sim, poderiam exacerbar as tensões regionais.
O Presidente brasileiro também ressaltou a importância de não deixar o assunto ser esquecido, propondo que a crise deve ser motivo de extensivas conversas e debates. Segundo ele, o mundo atual não tem espaço para mais atritos, necessitando, ao contrário, de esforços conjuntos para a construção de um futuro mais humanitário e solidário.
A controvérsia sobre o Essequibo ganhou novas dimensões com a realização de um referendo pela Venezuela, em dezembro do ano passado, onde a maioria esmagadora votou pela criação de uma província venezuelana no território disputado, uma área que constitui dois terços da Guiana. Este movimento, seguido pela concessão de licenças para a exploração de petróleo na região por Nicolás Maduro, intensificou as preocupações com uma possível escalada militar.
Entretanto, esforços diplomáticos, incluindo uma rodada de diálogos em Brasília, mediada pelo Brasil com o apoio de São Vicente e Granadinas e de Dominica, têm buscado desarmar as tensões e promover uma solução pacífica. Esses diálogos, conforme indicado pela embaixadora Gisela Padovan do Itamaraty, apesar de não terem ainda solucionado o problema, representam um passo importante na direção do entendimento mútuo, destacando a neutralidade e o papel facilitador do Brasil no processo.
A complexidade da disputa entre Guiana e Venezuela exige uma abordagem cuidadosa e considerada, onde o respeito aos tratados internacionais e a busca por soluções negociadas sejam prioritários. O Brasil, mantendo-se neutro quanto ao mérito da questão, enfatiza seu papel como mediador, buscando pavimentar o caminho para uma resolução que evite conflitos e promova a estabilidade regional.