Convergência na PF: Bolsonaro e Aliados Prestam Depoimento em Inquérito Sobre Ato Antidemocrático

Em um movimento coordenado pela Polícia Federal nesta quinta-feira, uma série de audiências simultâneas vai colocar frente a frente o ex-presidente Jair Bolsonaro, figuras proeminentes de seu governo e o presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto. O foco das oitivas, agendadas para as 14h30 na superintendência da PF em Brasília, é a investigação de uma possível conspiração para um golpe de Estado, envolvendo o ex-mandatário e seus ex-ministros Anderson Torres (Justiça e Segurança Pública), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Walter Braga Netto (Defesa).

Essa estratégia de interrogatórios simultâneos, previamente adotada pela PF em investigações que circundam o ex-presidente, tem por objetivo prevenir sincronias nas versões apresentadas pelos investigados, aumentando as chances de identificação de discrepâncias nos depoimentos.

As autoridades federais têm em mãos evidências de uma reunião no Palácio do Planalto, discutindo um documento que propunha a instauração de um estado de sítio no Brasil, uma peça chave na investigação. Essas informações foram inicialmente levantadas através da colaboração do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, coronel Mauro Cid, e posteriormente corroboradas por análises em dispositivos eletrônicos dos envolvidos.

Em paralelo, a Polícia Federal intensifica esforços para detalhar a participação e o planejamento de cada suspeito nas alegadas tentativas de golpe, sob a luz das provas coletadas até o momento.

Este inquérito se aprofunda em eventos precedentes, como a Operação Tempus Veritatis, deflagrada em 8 de fevereiro, que investigou a organização de um movimento golpista em 2022, liderado por Bolsonaro e apoiado por ex-assessores, militares, e Valdemar Costa Neto. A operação resultou em prisões e buscas em diversos estados, apontando para uma rede ampla de atuação que incluiu desde a disseminação de desinformação até o planejamento e financiamento de atos antidemocráticos.

Destacando-se, Valdemar Costa Neto, que não tinha mandado de prisão, foi detido por posse irregular de arma de fogo, revelando a complexidade das figuras envolvidas. A investigação também destaca a instrumentalização do PL no financiamento de estruturas de apoio às supostas tentativas de subversão do Estado, evidenciada pelo repasse de significativas quantias a organizações questionando a integridade do sistema eleitoral brasileiro.

Conforme as investigações avançam, a Polícia Federal delineia o papel de 16 militares em diversas frentes de atuação, desde a propagação de notícias falsas até o suporte logístico para manifestações golpistas, configurando um quadro complexo de desafios à democracia brasileira.

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