O ano de 2023 se destacou no cenário econômico brasileiro por importantes avanços e decisões estratégicas. Iniciado com incertezas e dúvidas em torno do cenário fiscal e da agenda de reformas, o ano termina com um saldo positivo e uma sensação de alívio, de acordo com especialistas.
A promulgação da reforma tributária e a implementação de novas regras fiscais foram marcos decisivos do ano, segundo Fábio de Andrade, economista e professor da ESPM. A reforma tributária, discutida há mais de quatro décadas, promete melhorias na eficiência do sistema tributário brasileiro, simplificando processos e aprimorando o ambiente de negócios no país.
No início de 2023, o cenário fiscal era incerto, especialmente após a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que eliminou o antigo teto de gastos. Este movimento ampliou os limites de despesas do governo, facilitando a implementação de programas como o novo Bolsa Família. Jefferson Mariano, cientista político e professor da Faculdade Casper Líbero, aponta que as mudanças macroeconômicas iniciais geraram dúvidas no mercado.
Contudo, sob a liderança do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, houve uma reviravolta. Haddad foi fundamental para a aprovação de uma nova regra fiscal e para a articulação do Congresso Nacional em torno dessa agenda. O novo marco fiscal estabelece um limite para o crescimento anual das despesas governamentais, com mecanismos anticíclicos para garantir estabilidade.
A Fazenda também trabalhou para atingir metas fiscais, incluindo esforços para zerar o déficit primário em 2024. Medidas como a reformulação das regras do Carf e a taxação de super-ricos foram cruciais nesse processo.
No aspecto institucional, 2023 marcou um avanço nas relações entre o governo, o Banco Central autônomo, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal. Roberto Georg Uebel, economista e professor da ESPM, destaca a importância dessa harmonização para a revisão positiva das expectativas de mercado.
Quanto à inflação, as projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caíram significativamente, ficando abaixo do teto da meta oficial. O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) também superou as expectativas iniciais.
O mercado de trabalho apresentou uma recuperação notável, com a taxa de desemprego atingindo o menor nível desde 2015, segundo Mariano.
Este ano foi, sem dúvida, um período de transformações e avanços significativos na economia brasileira, marcando um progresso em direção a uma maior estabilidade fiscal e fortalecimento das instituições financeiras.