Votação de ampliação de veículos autônomos em São Francisco é adiada pela terceira vez

Estava marcada para esta quinta-feira (11) a decisão da agência estadual da Califórnia de permitir ou não que táxis autônomos possam ser usados a qualquer hora do dia.

Mas a Comissão de São Francisco adiou pela terceira vez a votação devido à divisão entre as autoridades e a opinião pública.

Se aprovado, as montadoras Cruise, braço da General Motors, e Waymo, da Alphabet, poderão ampliar os testes de veículos autônomos pela cidade.

Atualmente, as montadoras trabalham com algumas centenas de veículos autônomos que exercem a função de táxis. Eles podem circular em ruas específicas das 22h às 6h.

Estes carros também são obrigados a circular sob a supervisão de um motorista humano. As viagens não são cobradas dos passageiros.

A votação pretende colocar fim à restrição de horário e de ruas a se trafegar.

Votação poderá abrir caminho para concorrer com a Uber

São Francisco é a cidade que está sendo usada como laboratório nos EUA para testar a eficiência e segurança dos carros autônomos, carros operados sem a presença de humanos no volante, mas por IA.

A ampliação do serviço pela cidade é considerada um passo importante para a regulamentação do serviço em outros estados e municípios.

Isto certamente contribuirá para que as montadoras recuperem os bilhões de investimento na tecnologia.

A medida também promete encher os cofres das montadoras porque as fariam a se tornar um concorrente direto e significativo das plataformas de viagem por aplicativo, como Uber e Lyft.

Autoridades e moradores são contrários a ampliação do serviço

Porém, o desejo das montadoras enfrenta a resistência tanto dos moradores como das autoridades locais. No caso, as agências de transporte e segurança de São Francisco são as principais opositoras.

Elas depõem contra a expansão dos serviços porque verificaram que os carros autônomos violam regras de trânsito, causam engarrafamentos e atrapalham o trabalho dos bombeiros.

Parcela expressiva dos moradores de São Francisco confirma as acusações. Por isso, ela se posiciona contrária à medida porque acha que prejudicará mais o trânsito na cidade e aumentará o risco de acidentes.

Outro aspecto que joga parte da população contra os testes dos carros autônomos é o incômodo de a cidade ser usada como laboratório de uma tecnologia “não comprovada”: uma tecnologia que não entrega a eficiência e segurança alardeada pelas montadoras.

Fabricantes rebatem

As montadoras rebatem tais críticas argumentando que seus carros-robôs são mais seguros que motoristas distraídos. Afirmam que após milhões de milhas percorridas os carros não foram responsáveis por nenhuma morte ou feridos.

Os testes, segundo a Cruise e a Waymo, sob as circunstâncias rotineiras de uma cidade são essenciais para o aprimoramento da tecnologia.

Falta de transparência

Porém, o discurso das montadoras sobre a segurança dos veículos sem motorista se fragiliza quando as agências de transporte as acusam de não divulgar os dados completos a respeito das falhas dos veículos.

Por razão disso, os números de incidentes registrados podem não representar a totalidade das ocorrências, apenas uma fração. Desde 2022, a Agência de Transporte Municipal de São Francisco registrou 600 acidentes envolvendo os táxis autônomos.