Disputa no Equador: como estavam as pesquisas antes do atentado?

O mundo político latino-americano amanheceu em choque com a notícia do assassinato de Fernando Villavicencio, em Quito, nesta quarta-feira. Villavicencio era candidato à presidência da república pelo partido Coalition Movement.

Ele participava de um ato de campanha no Anderson College na capital do Equador. Ao entrar no veículo auxiliado por seguranças, ele foi alvo de atentado a tiros.

As autoridades estimam que 30 disparos foram efetuados. Três acertaram a cabeça de Villavicencio, que chegou a ser socorrido para o Hospital da Mulher, o mais próximo na região, mas não resistiu aos ferimentos.

O assassinato ocorre a 11 dias das eleições presidenciais no Equador, marcado para 20 de agosto. Villavicencio aparecia como nome forte para ir ao segundo turno nas pesquisas de intenções de voto.

A disputa presidencial antes do crime

Até a tarde desta quarta-feira no Equador, as pesquisas de opinião colocavam a candidata Luisa González em primeiro nas intenções de voto. Segundo pesquisa feita pela ClickReport entre 4 e 6 de agosto, Luisa liderava com 29,2%, com mais de 15 pontos de vantagem em relação ao segundo colocado, Yaku Pérez (14,4%).

Essa pesquisa não colocava Villavicencio em segundo lugar, mas em quinto, com 7,5%. Porém, não estava destoante do padrão das últimas pesquisas de outros institutos que indicavam Villavicencio entre 2º e 5º. O que demonstra que a disputa pelo 2º lugar está acirrada no Equador.

Quem é quem na disputa presidencial?

Luisa González que no momento lidera com certa folga a corrida presidencial, é ex-deputada pelo partido Citizen Revolution Movement. Ela é apoiada pelo ex-presidente Rafael Correa, que presidiu o Equador entre 2007 e 2017.

Gonzaléz é advogada e em 2021 foi eleita pela Assembleia Nacional representando a província de Manabi.

Yaku Pérez é um líder indígena que concorre à presidência pelo partido Pachakutik. Ele também é advogado e conhecido por ser defensor de causas ambientais.

Pérez quase foi para o segundo turno nas últimas eleições. Ficou menos de meio por cento atrás do conservador Guillerme Lasso, que venceria a disputa no segundo turno contra Andrés Arauz. Pérez se coloca como a terceira via no Equador.

Jornalista e sindicalista

Fernando Villavicencio nasceu em 1963 e obteve notoriedade como jornalista investigativo. Ele também era sindicalista e entrou na política com um forte discurso anticorrupção. Ele sempre foi crítico ao crime organizado e classificava o Equador atual como “narcoestado”.

O termo era uma referência aos cartéis de drogas operantes no Equador que segundo ele se tornaram um braço financeiro na economia nacional por comprarem a conivência e o silêncio das instituições do país.

As investigações até o momento apontam que Villavicencio foi vítima de um desses cartéis, mas ainda tenta apurar a autoria do crime. Em entrevista na semana passada, Villavicencio denunciou que recebeu ameaças da organização Los Choneros.

Porém, uma dissidência dessa facção, Los Lobos, publicou um vídeo no antigo Twitter reivindicando a autoria do crime. Na postagem, ela ainda fez ameaças a outros candidatos e disse que Villavicencio recebeu dinheiro da facção, mas adotou postura que contrariava os interesses do grupo em seu discurso eleitoral.

A polícia não confirmou se o vídeo é legítimo e o partido de Villavicencio nega que ele tenha recebido dinheiro do crime organizado.