Hoje (3), a comissão bicameral composta por deputados e senadores, incumbida de examinar os incidentes golpistas de 8 de janeiro, sancionou oficialmente o pedido para a presença de Walter Delgatti Neto, conhecido hacker.
A proposição, submetida pelo deputado Rogério Correia (PT-MG), encontrou seu caminho até a aprovação após um encontro que durou mais de duas horas no escritório de liderança do PDT.
Esta reunião foi palco de um debate veemente entre os legisladores do governo e da oposição.
A Prioridade Governista
A facção governista se posicionou firmemente, colocando a convocação do hacker em um lugar de destaque, como uma “prioridade”.
Delgatti será submetido a questionamentos quanto à viabilidade de um ataque às urnas eletrônicas do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Embora os parlamentares da oposição tenham concordado em trazer à tona a convocação, eles votaram contra a medida.
O Infame Delgatti Neto
Walter Delgatti Neto, notoriamente conhecido por suas incursões aos smartphones dos procuradores da Lava Jato, encontra-se no centro de uma investigação conduzida pela PF (Polícia Federal).
Ele é suspeito de tentar infiltrar-se nos sistemas do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e introduzir documentos e mandados de prisão falsos no BNMP (Banco Nacional de Mandados de Prisão) contra o ministro do STF (Superior Tribunal Federal), Alexandre de Moraes.
Recentemente, a PF deteve Delgatti em Araraquara (SP), onde também realizou buscas na residência e no escritório da deputada Carla Zambelli (PL-SP).
O hacker relatou à polícia que havia sido contratado para trabalhar para a deputada, e como foi acordado o pedido de prisão falsa de Moraes.
Na próxima terça-feira (8), está programado o testemunho de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal.
Outros Chamados ao Palanque
Os parlamentares também aprovaram convocações adicionais, incluindo:
Luis Marcos dos Reis: Sargento suspeito de retirar dinheiro em espécie de caixas eletrônicos para financiar as despesas de Michelle Bolsonaro.
Marcela da Silva Moraes Pinno: Cabo da Polícia Militar do Distrito Federal que foi atacada durante os atos golpistas de 8 de janeiro.
Cintia Queiroz de Castro: Coronel da PMDF e Subsecretária de Operações Integradas da Secretaria de Segurança Pública (SSP).
Polêmica Convocação do Fotógrafo da Reuters
O requerimento para a presença de Adriano Machado, fotógrafo da Agência Reuters, foi fervorosamente defendido pela oposição. As câmeras de segurança capturaram Machado documentando os danos no Palácio do Planalto.
De acordo com o presidente da comissão, deputado Arthur Maia (União Brasil-BA), Machado será chamado como testemunha de um crime.
A despeito disso, o deputado Rubens Pereira Júnior (PT-MA) argumentou que não havia um acordo explícito da base para a convocação do fotógrafo da Reuters.
Por fim, a comissão não chegou a um acordo para aprovar a quebra de sigilo e acesso ao RIF de Michelle Bolsonaro e Jair Bolsonaro.
A proposta foi apresentada pela deputada Jandira Feghali (PC do B – RJ) com base em um relatório da Abin entregue à comissão.
Segundo a deputada, o relatório sugere que a ex-primeira-dama e Jair Bolsonaro (PL) receberam, em outubro de 2022, respectivamente, um envelope e uma caixa contendo pedras preciosas.
Comissão Sanções a Quebra de Sigilos
A comissão de investigação tomou a decisão de aprovar a quebra dos sigilos pertencentes a Mauro Cid, que já serviu como assistente pessoal do presidente Jair Bolsonaro, e a Anderson Torres, que exerceu o cargo de Ministro da Justiça e Secretário de Segurança do Distrito Federal.
Acordo para Acesso aos Relatórios Financeiros
Na sequência de uma reunião conciliatória, os membros da comissão concordaram em aprovar o acesso aos RIFs (Relatórios de Inteligência Financeira) associados a Walter Delgatti Neto.
Estes relatórios, compilados pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), detalham as transações financeiras que destoam da normalidade, relacionadas ao indivíduo em questão.