CEO da TIM responde que apenas uma “oferta monstruosa” o faria vender operações no Brasil

A TIM Itália está à venda. A rede fixa e de fibra óptica da operadora italiana está em processo de venda para a gestora estadunidense KKR.

Ela ganhou a concorrência do consórcio formado pela gestora Macquarie e pelo banco de investimentos do governo italiano.

O conselho administrativo da TIM deu aval para o CEO Pietro Labriola iniciar negociações exclusivas com a KKR após a análise das propostas apresentadas.

O grupo estadunidense terá até o dia 30 de setembro para apresentar uma proposta vinculante, mas a preferência é que o faça quanto antes.

Possível venda não envolve o Brasil

A venda da rede fixa e de fibra óptica da operadora italiana não envolve o seu braço brasileiro. O CEO da TIM, no entanto, foi perguntado durante entrevista ao jornal econômico italiano II Sole 24 sobre os planos quanto aos negócios no Brasil.

Labriola afirmou que a TIM Brasil segue desempenhando papel central nos planos da companhia e que apenas uma “oferta monstruosa” poderia balançar o conselho a passar adiante as operações no país.

Resultados acima do esperado

O posicionamento firme e enfático dos italianos se justifica pelos números que a TIM brasileira apresentou no último trimestre. A receita aumentou 2,85%, alcançando a marca de 4 bilhões de euros, e a dívida reduziu 56%, caindo para 124 milhões de euros.

Os ventos sopraram a favor também no mercado italiano, que registrou alta de 0,6%, a primeira em cinco anos. O faturamento aproximou-se dos 3 bilhões de euros.

TIM no Brasil

No ranque geral, a TIM segue na terceira posição no Market share das operadoras de celular. Ao todo, sua presença no mercado brasileiro soma 24,3%, quase dez por cento abaixo da segunda colocada, Claro (33,3%). A Vivo mantém a liderança com 38,9% do mercado nacional.

Convertendo essa presença em unidades vendidas, a TIM acumula 61.225 milhões de aparelhos vendidos. A Claro soma 83.671 milhões e a líder do ranque 97.555 milhões.

Ao todo no Brasil há 251.521 milhões de celulares em circulação até junho de 2023. O número representa mais smartphones do que pessoas no país, que segundo o último censo tem 203 milhões e 62 mil habitantes.

Brasil é um dos líderes do ranque das nações mais hiperconectadas

Desfazer das operações de telecomunicações no Brasil certamente deve exigir uma oferta monstruosa ou uma gestão desastrosa, pois demanda definitivamente há. O país é um dos mais hiperconectados do mundo, segundo levantamento da Global Overview Report, da organização Kepios.

Em 2022, o brasileiro passou em média, por dia, 9h32min navegando na internet. Tempo que o coloca à frente de nações desenvolvidas como a Inglaterra, onde o tempo médio foi de 5h47 min.

No ranque geral sobre tempo gasto usando internet no celular, o Brasil está em segundo lugar, ficando atrás apenas das Filipinas.

A escalada da inclusão digital no país também chama atenção. Há dez anos, apenas metade dos brasileiros tinha acesso à internet. Hoje, são 84%.

A massificação dos smartphones, aliado ao investimento em telecomunicações das operadoras, são os principais fatores para o avanço da internet banda larga no país.