Histórico: juros dos EUA atingem o maior patamar em 22 anos

O Banco Central dos EUA (FED) anunciou na tarde desta quarta-feira (24) novo aumento da taxa de juros.

Após reunião do departamento de política monetária, decidiu-se pelo reajuste de 0,25% dos juros de referência aplicados no país. De 5,25% foi para 5,5%.

Com este novo aumento, os juros nos EUA alcançaram o maior pico em 22 anos.

Quebra de altas em série

A alta veio após uma interrupção de dez aumentos seguidos.

Em junho, o FED optou pela manutenção da taxa de juros ao perceber sinais de desaceleração da economia.

A inflação havia reduzido 0,1% no mês anterior. Na medição dos últimos 12 meses, o índice subira 4,0%, o menor patamar desde março de 2021. Em abril, o índice fora de 4,9%.

A queda do preço da gasolina foi o principal fator para a alta moderada dos preços na ocasião, mas sua contribuição foi considerada insuficiente para redução significativa de risco.

Por isso, o FED decidiu apenas manter a taxa de juros em 5,25%.

Apesar de representar um avanço tímido na melhora da economia, não deixou de ser significativo.

A manutenção da taxa de juros quebrou uma série de 10 altas seguidas iniciada em março de 2022. Na ocasião os juros estavam em 4,75% e subiu para 5%.

Cenário preocupa pequenas empresas

O ambiente de inflação crescente nos EUA e juros em alta vem gerando preocupação em pequenas empresas, segundo pesquisa divulgada pela Federação Nacional de Empresas Independentes.

O otimismo das pequenas empresas em relação aos negócios no futuro permaneceu abaixo da média histórica, apesar de leve melhora em maio.

A pesquisa mostrou que o índice de empreendedores de pequenos negócios que acreditava em melhora dos negócios nos próximos meses diminuiu. A maior parcela dos entrevistados relatou que a inflação era o principal problema para os negócios.

As condições futuras para gerir a empresa também preocupam, conforme apurou a pesquisa. Os maiores temores se concentram na falta de mão de obra e nas interrupções da cadeia de suprimentos.

Analistas econômicos preveem que essas dificuldades permanecerão presentes, ainda que em condições menos duras do que as registradas em 2022.

Demissão voluntária explode após pandemia

A possibilidade de falta de mão de obra surge em um contexto especial no mercado de trabalho. Além da falta de mão de obra qualificada e a imigração de cérebros para outros mercados mundiais, os EUA vivem uma onda de “Great Resignation” (Grande Renúncia).

Esse é o termo empregado para se referir ao movimento de demissão em massa voluntária, que explodiu no país após dois anos do estouro da pandemia.

Quase 50 milhões de norte-americanos pediram demissão nesse período. Os principais motivos citados para a decisão são o esgotamento mental, necessidade de cuidar de familiares e insatisfação no trabalho.

Governo vive batalha para conter inflação

Em 2022, a inflação dos EUA acelerou para 9,1% em um ano, alcançando o maior valor em mais de 4 décadas.

Alta que despertou temores de recessão na maior economia do mundo, o que levou a equipe econômica de Joe Biden a entrar em campo para conter a disparada.

O remédio adotado foi o aumento da taxa de juros em uma sequência em série, que foi retomada nesta última quarta-feira.

A batalha contra a inflação demonstra que continua longe do último round.