Parece ficção, mas é pura realidade. Restaurantes pelo mundo estão recebendo a chamada carne cultivada, alimento desenvolvido com células de animais para dispensar o abate.
A carne, a olho nu, é idêntica à que acostumamos a fitar em grelhas, espetinhos e freezers, mas com uma diferença crucial: nenhum animal é morto no processo.
Ela é produzida em um ambiente controlado, dentro de barris, onde recebe a adição de outros elementos e permanece por semanas maturando.
Esse tipo de tecnologia vem se desenvolvendo em velocidade igual ou superior a Inteligência Artificial e promete ser cada vez mais frequente em restaurantes e supermercados no futuro (próximo).
Nos EUA
Há algumas semanas, uma startup sediada na Califórnia, GOOD Meat, forneceu para um restaurante pedaços de sua carne de laboratório.
Desde a última terça (25), clientes do China Chilcano (Washington DC) puderam se inscrever para degustar a novidade revolucionária no mundo da gastronomia. No último dia 31, a carne ficou disponível para consumo.
As receitas com a carne são espetinhos com temperos peruanos acompanhando batatas.
Isso ocorreu logo após a aprovação inédita do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), em junho, para vender carne de frango desenvolvida em laboratório.
A Good Meat e a Upside Foods pretendem comercializar seus produtos em restaurantes sofisticados e depois nos supermercados.
A liberação nos EUA é sinal da ampliação de abertura desse mercado que vem recebendo injeção de bilhões de dólares de investimento. Até então, o único restaurante do mundo que servia carne cultivada era o Huber’s Butchery and Bistro de Singapura.
Paradoxo da carne impulsiona o investimento
Por que esse setor vem recebendo tanto investimento, mesmo sem a certeza da liberação da carne pelos órgãos de fiscalização?
A resposta é demanda de mercado.
Pesquisas do setor alimentício indicam onda crescente de pessoas incomodadas em consumir alimento derivado de uma vida de confinamento criada apenas para o abate. No entanto, elas não se classificam como vegetarianas ou veganas. Elas são consumidoras que, apesar do impasse moral, não conseguem deixar de comer carne.
Fenômeno nomeado por especialistas e sociólogos como “paradoxo da carne”.
Os alimentos cultivados pretendem surgir no mercado como uma alternativa que oferece sabor e aspecto idêntico aos da carne tradicional de animal, mas sem o sofrimento deste.
Será bem comum em restaurantes e mercados frases como “Nenhum animal foi ferido para produzir esse alimento”.
Como é feita a carne cultivável?
A receita deste tipo de carne é 70×30: 70% células de animais, 30% composto vegetal.
Essas células de animais são postas em biorreatores, tanques, e nutridas por aminoácidos, açúcares, entre outros elementos.
Elas ficam semanas neste processo até que se transformam em uma gordura, um tecido adiposo incrivelmente semelhante à carne do churras do fim de semana.
No Brasil
A carne cultivada está no radar do agro brasileiro. Segundo a diretora de engajamento corporativo da Good Food Institute (GFI), o país se prepara para produzir e comercializar o novo produto alimentício a partir de 2024.
Fontes:
https://www.uol.com.br/nossa/colunas/rafael-tonon/2023/07/26/frango-sem-abate-revolucao-poupa-animais-e-ja-chega-aos-restaurantes.htm
https://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2023/04/28/carne-de-laboratorio-e-aposta-do-agro-tem-brasil-na-vanguarda-mas-nao-vai-estar-no-proximo-churrasco.ghtml
https://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2023/06/22/eua-aprovam-venda-de-carne-de-frango-cultivada-em-laboratorio.ghtml
https://www.bbc.com/portuguese/articles/cxxerjx6zg8o
Relatório anticópia: