Em uma reviravolta espetacular que ultrapassou todas as expectativas, Ary Borges conduziu a seleção brasileira feminina à vitória na estreia da Copa do Mundo, goleando o Panamá por 4 a 0.
Sua atuação fenomenal foi coroada com um hat-trick, solidificando seu nome na história do futebol como a mais jovem a alcançar tal marca na seleção.
Esse triunfo coloca Borges no mesmo patamar de lendas do esporte como Sissi, que realizou o feito em 1999, Cristiane, que repetiu a proeza em 2019, e Pretinha, outra protagonista em 1999.
A conquista de Borges, com seu hat-trick inaugural, ecoa as realizações dessas grandes jogadoras, adicionando seu nome ao panteão das estrelas do futebol brasileiro.
Recordes e sonhos
A emocionante estreia de Ary Borges na Copa do Mundo Feminina da FIFA estava repleta de sentimentos intensos. “Vivi uma montanha-russa de emoções. Senti toda a ansiedade antes do apito inicial. Se alguém tivesse me contado, eu teria rido na cara dessa pessoa. O primeiro gol foi um marco que me lembrou a jornada percorrida para chegar aqui. Foi tão intenso que não pude evitar as lágrimas”, descreveu a jogadora.
Borges entrou para a história do futebol como a primeira brasileira a estrear com gol numa Copa do Mundo Feminina desde Marta, em 2003.
No segundo tempo, Borges deu lugar à lendária camisa 10, sendo calorosamente aplaudida ao sair do campo.
“Foi uma honra ser substituída por ela. Fiz questão que ela me entregasse o troféu. Estamos na presença de uma pessoa incrível”, reconheceu Borges.
A jogadora admitiu que compartilhar o campo com Marta sempre foi um sonho. “Depois que você conhece a pessoa, entende porque todos a chamam de Rainha. Marta é alguém que nos motiva, alguém que pavimentou o caminho para colhermos os frutos hoje”, declarou Ary.
Além de marcar um hat-trick, Borges ainda contribuiu com a assistência para o gol de Bia Zaneratto, que finalizou o placar.
A comemoração após o jogo foi intensa, com Zaneratto descrevendo o dia como “o melhor dia da vida” de Ary.
Kerolin, que conhece Ary desde os tempos do Sub-17, destacou o trabalho duro e a disciplina tática que resultaram na performance notável.
“Estou extremamente feliz por ela. Ela merece este momento. Sua determinação em estar na posição certa no momento certo culminou nos gols. É importante destacar que ela deixou o Brasil em busca de aprimoramento, e agora está colhendo os frutos na Copa. Quem semeia boas ações, colhe bons frutos. Acredito que ela ainda tem muito mais para dar”, concluiu Kerolin.
Austrália mudou a carreira
A Austrália, o palco para o melhor dia da carreira de Ary Borges, também representou um marco significativo em seu caminho com a seleção brasileira.
Foi em outubro de 2021, quando Borges foi convocada pela segunda vez, que a equipe se encontrou em solo australiano para um confronto contra as Matildas.
O jogo marcou a primeira vez que a meio-campista teve a oportunidade de começar como titular, um desafio que pegou Borges de surpresa.
Uma conversa crucial com a técnica Pia Sundhage provou ser o momento de transformação para a meio-campista.
“Não estava me sentindo à vontade na seleção, parecia que eu não conseguia mostrar meu melhor futebol. Apesar de estar jogando bem no Palmeiras, não conseguia replicar o mesmo desempenho na seleção. Não me sentia segura, até questionava se merecia estar ali. Cheguei um pouco antes do restante do grupo e tive um bate-papo com Pia. Ela me mostrou alguns vídeos e disse: ‘Quero que você faça isso, isso e isso, porque eu sei que você é capaz'”, revelou Borges.
“Ela me surpreendeu quando disse: ‘Prepare-se, pois você será a titular no jogo contra a Austrália’. Minha cabeça estava prestes a explodir: ‘Como posso ser titular se ela me mostrou todos esses vídeos apontando erros que preciso corrigir?’ Me perguntei: ‘Vou entrar no próximo jogo e afundar ainda mais, ou vou mudar minha mentalidade?'”, finalizou.
Respondeu bem
A resposta das jovens jogadoras à pressão de sua primeira Copa do Mundo era uma das principais questões que a treinadora Pia Sundhage tinha em mente.
Depois do jogo, Sundhage expressou sua satisfação com a performance das atletas, mas manteve uma postura prudente ao considerar como a equipe reagiria a desafios mais difíceis.
“Estou extremamente contente com o nosso desempenho até agora. Era incerto como as jogadoras mais novas lidariam com a pressão do jogo, mas ao conviver e dialogar com elas, vejo uma equipe vibrante e feliz, e isso é um excelente ponto de partida. Essa energia é contagiante e crucial. A questão é: como elas irão reagir quando o jogo não estiver indo bem? Não tivemos essa situação hoje. Se conseguirmos manter essa atmosfera positiva, estaremos satisfeitas e preparadas para o próximo confronto”, declarou a treinadora.
